Pior a emenda de cimento!

Eu bem sei que isto é a Porcalhota, que não tem o charme do centro de Roma, mas também não é preciso tratar mal as heranças!

Cimentaram um bocado do Aqueduto das Águas Livres e vai de passar uma brocha de cal por ali fora! Ora com franqueza! Já não bastava aquela muralha em Sagres!?

Não tarda cimentam o Arco da Rua Augusta, não vá aquilo ter um tombo e deslocar uma artéria. Antes deslocasse, que com a iluminação que tem, se eu fosse uma daquelas moças de perna esticada, já me tinha tirado dos meus cuidados e tinha ido à víndima! Para ser iluminada daquela maneira, mais vale viver no escuro e aos apalpões!

Mas eu ando tão esvaída da minha cabeça, tão achacada com estas alergias primaveris, que nem posso com uma gata pelo rabo! Cimento! Isto é a pimavera do betão em flôr, que provoca alergias oculares, e com o preço das armações não se pode!

Eu só gostava de saber quem são estes iluminados da betoneira a jorro. É que até o conde tem espirros!

Por acaso não querem cimentar o Palácio da Ajuda, não? Esse é que precisava de um andaime a toda a volta e de duas veias canalizadas, mas os vinténs só chegam para a argamassa! Um maço de pedreiro por essa Lisboa fora é que era! Um destes dias temos as ruínas do Carmo pintadas em tons pastel... de Belém! Mas como pastéis de belém não temos, venham lá os copitos de vinho branco, que pelo menos nesse aspecto isto ainda é solo que dá uvas.

Espero que não me cimentem mais a paciência, e que não haja mais iluminados camarários a baldear as heranças, que isto já está tão mal de valores e tradições, que até me sobem os calores! Mandem-me mas é beijinhos!! Não chegam?? Mandem pela garrafa!

Acenos da varanda central

Viscondessa da Porcalhota