MOMA... É uma festa!!!

Das escadas na janela, à parede gigante com um quadradinho se vidro a sorrir ao canto, das paredes de vidro com Manhattan vertical a erguer-se do lado de fora, ao jardim de estátua caída no chão com a cabeça no lago, da vertigem da janela com três dedos de chão de vidro à imensidão branca das paredes, Moma é uma festa. Um espaço em branco repleto de emoções.
Eu odeio o aborrecimento do excesso de organização, mas o facto é que funciona. Mal se entra esbarramos na cor e somos conduzidos para uma fila de A a Z para depósito de casacões e mochilas em troca de uma ficha, como saco em supermercado de bairro... as pessoas movimentam-se desencontradas como se fossem elas a própria da instalação, e qual buraco de Alice os cordões da segurança abrem-se para o fantástico.
Quem pensa que vai entrar no mundo do museu de escuridão austera, desengane-se! Logo à entrada esbugalham-se os olhos num painel cheio de peixes destacados pelo picotado e caretas felizes e iluminadas! Viva o mundo do desenho animado. A viagem faz-se de frame em frame, de esboço em esboço. Uma festa de cores e caras espantadas, de miúdos tão sorridentes que não acreditamos que possam ter cabelos brancos. De óleo em pastel e carvão em movimento na tv, os desenhos desdobram-se ali às cambalhotas, da cave ao primeiro andar, num crescente sem margem para nos deixar para crescer!
E assim se sobe por ali acima, esbarrando em cores, espaços e sufocos. É uma magia cósmica, como se as obras nos manipulassem os sentidos. E ali ficamos, com os orgãos aos encontrões, empacotados, espremidos, desarrumados, o coração a empurrar o fígado e os rins a acotovelar os pulmões, ficamos sem ar, só assim, a olhar, a ver, a navegar onde quiseremos, a mergulhar longe... e de repente entram as tropas, a invasão nipónica chega num flash esquecido e nos clics fotográficos, PAFFF!!! Como o estalar de dedos para acordar da hipnóse, e eles avançam... somos como um campo de milho a ser sobrevoado por gafanhotos....záááááássssssssss!!! Passam a correr, devastando o silêncio... puff! e os orgãos encolhidos voltam a desarrumar-se no corpo, entre sorrisos.
Queremos ver tudo a correr, mas os pés prendem-se aos olhos, ficam ali, e o melhor é cruzar as pernas no chão para apoiar a alma...Glupsst! Volta a faltar o ar com sofreguidão com que os olhos engolem. O mergulho é demorado e quando o ar falta nascem as guelras para respirar na tinta. Fica-se assim, no tudo o que o silêncio guarda, sem espaço para mais... num vazio enorme preenchido de tudo até transbordar.
Sai-se de casaco na mão, de orgãos desarrumados, envólucro repleto e é-se engolido no cinzento.
De vez em quando quero voltar a trocar o meu casaco por uma ficha de supermercado e a desarrumar os orgãos.
Acenos da Varanda Central,
Viscondessa da Porcalhota
5 Comments:
Esta definição "O mergulho é demorado e quando o ar falta nascem as guelras para respirar na tinta" trouxe-me à memória um cenário oceânico onde o Náutilus navega. Viva a imaginação e a mente criativa da Viscondessa!
Vassouradas meiguinhas
Carla. Carlinha, Carlota...Novidades?
Espero que esteja tuuuuuuuudo bem!
Beijos
Segundo zUm
As coisas que se descobrem via hi5, entre elas que (tb) tens um blog, lol.
Bom saber-te nas blogondezas. *piscar de olho*
Bejos, mtos.
A minha blogotinha perdeu a musa? Que saudades tenho dessas historietas! Vamos lá a afiar o lápis....
Vassouradas meiguinhas
Where did you find it? Interesting read »
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